Folheando a edição 553/1965 do jornal campanhense A Voz Diocesana, chamou a atenção uma pequena nota em que o colunista descreve D. Francisca Senhorinha da Motta Diniz, editora do jornal oitocentista "O Sexo Feminino" e seu marido como pessoas de cor e arrogantes. Sente-se um desprezo na descrição do autor. O que demonstra um equivoco e até preconceito contra esta mulher são-joanense que viveu alguns anos em nossa cidade.
Tenho notado que também que feministas contemporâneas tem usado seu nome para alavancar sua militância.
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D. Francisca Senhorinha da Motta Diniz |
Ambos equivocam-se. Basta olhar uma imagem de D. Francisca Senhorinha, para verificar que ela era branca. Basta ler seus artigos no jornal ou seu livro escrito em parceria com a filha, para ver que de feminista (conforme nosso tempo) ela não tinha nada. Era muito mulher. Amava ser dona de casa, amava ser mãe, e claro, amava passar para o papel suas idéias, reflexões, pensamentos. Todos em favor da independência da mulher, mas sem deixar de ser mulher. Era católica e defendia a doutrina no dia a dia do cristão, ou melhor da mulher cristã. Que a mulher alcançasse sua independência, porém sem deixar de ser feminina, ou abandonar suas obrigações matrimoniais. Pelos seus escritos, pelo menos o que já li, não percebi nenhuma linha que poderia caracterizar como uma mulher arrogante. Outro erro do colunista da Voz Diocesana: escreve que D. Francisca era do Rio. Não. Ela era de São João del Rei.
É por essa e por outras, ainda hei de registrar, que não confio em jornais como fonte fielmente histórica. Não existe imparcialidade. Sempre o colunista ou articulista promoverá sua ideologia. O que pode exceder em elogios a alguém que nem era tudo isso; como pode se exceder em críticas ou difamações a algum pobre inocente.
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Nota-se que houve um pequeno erro gráfico ao trocar as letras "a" e "r" da palavra "pardavascos". |