quarta-feira, 30 de junho de 2021

Distorcendo uma mulher inteligente?

Folheando a edição 553/1965 do jornal campanhense A Voz Diocesana, chamou a atenção uma pequena nota em que o colunista descreve D. Francisca Senhorinha da Motta Diniz, editora do jornal oitocentista "O Sexo Feminino" e seu marido como pessoas de cor e arrogantes. Sente-se um desprezo na descrição do autor. O que demonstra um equivoco e até preconceito contra esta mulher são-joanense que viveu alguns anos em nossa cidade. 

Tenho notado que também que feministas contemporâneas tem usado seu nome para alavancar sua militância.

D. Francisca Senhorinha da Motta Diniz


Ambos equivocam-se. Basta olhar uma imagem de D. Francisca Senhorinha, para verificar que ela era branca. Basta ler seus artigos no jornal ou seu livro escrito em parceria com a filha, para ver que de feminista (conforme nosso tempo) ela não tinha nada. Era muito mulher. Amava ser dona de casa, amava ser mãe, e claro, amava passar para o papel suas idéias, reflexões, pensamentos. Todos em favor da independência da mulher, mas sem deixar de ser mulher. Era católica e defendia a doutrina no dia a dia do cristão, ou melhor da mulher cristã. Que a mulher alcançasse sua independência, porém sem deixar de ser feminina, ou abandonar suas obrigações matrimoniais. Pelos seus escritos, pelo menos o que já li, não percebi nenhuma linha que poderia caracterizar como uma mulher arrogante. Outro erro do colunista da Voz Diocesana: escreve que D. Francisca era do Rio. Não. Ela era de São João del Rei.

É por essa e por outras,  ainda hei de registrar, que não confio em jornais como fonte fielmente histórica. Não existe imparcialidade. Sempre o colunista ou articulista promoverá sua ideologia. O que pode exceder em elogios a alguém que nem era tudo isso; como pode se exceder em críticas ou difamações a algum pobre inocente.


Nota-se que houve um pequeno erro gráfico ao trocar as letras "a" e "r" da palavra "pardavascos".


quarta-feira, 23 de junho de 2021

Será que a culpa é só do deseducador Paulo Freire mesmo?

 Lendo um artigo de D. Francisca Senhorinha da Motta Diniz, no seu semanário campanhense "O Sexo Feminino" de 27/09/1873, estes parágrafos me saltaram aos olhos. Impossível não lembrar das críticas (convenientes, diga-se de passagem) que em nossos tempos são feitas ao deseducador Paulo Freire. Quando o artigo da D. Francisca foi publicado o pernambucano ainda nem pensava em nascer, e já podemos perceber que naquela época o problema do analfabetismo funcional já era um drama.


Print da página 2, da Edição 4 do jornal "O Sexo Feminino" 27/09/1873