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sábado, 15 de agosto de 2020

Barcelona 2 x 7 Vasco da Gama

 Só pra lembrar... 23 de junho de 1957. Mesmo ano em que se sagrou Bi Campeão Mundial sobre o temido Real Madrid.




sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Bestiários

Excelente site com inúmeros bestiários medievais. Com a ajuda do Google Tradutor, para quem não manja inglês assim como eu, dá para fazer uma boa viagem por este belíssimo acervo. Clique na figura para ir até o site.


Home page 

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Iluminuras - Imagens - Adoração?

Lendo sobre o Bestiário na Idade Média, topei com um excelente artigo escrito pela medievalista portuguesa Angélica Varandas. Chamou-me a atenção este parágrafo sobre as iluminuras, o qual transcrevo a seguir.


Página do Missal de Jean Rolin, século XIV. Fonte da imagemBlog Ensinar História



"Na Idade Média, as imagens surgem como uma outra forma de leitura, proporcionando aos que não sabiam ler as palavras registadas pela escrita uma compreensão igualmente eficaz e viva das histórias bíblicas; as imagens constituem-se pois como a literatura dos laicos (litterature laicorum). Tal como o texto escrito, elas contam histórias: as mesmas histórias narradas pelas palavras, ou até outras histórias, porque dão ênfase a um determinado acontecimento narrativo, omitem pormenores ou adicionam outros. Por essa razão, tal como as palavras escritas, também as imagens são dotadas dos mesmos processos complexos que essas envolvem, isto é, a sua interpretação processa-se, de igual modo, em duas etapas: a lectio e a meditatio. Tal como acontece com o texto escrito, a imagem pode e deve ser lida a vários níveis, num processo gradual em que o sentido literal, através da contemplação, é ultrapassado para ceder lugar aos significados alegórico, moral e anagógico. Segundo S. Gregório, é esta dimensão das imagens como fonte de ensinamento e aprendizagem que as impede de ser encaradas como objecto de adoração e, em contrapartida, contribui para a sua função didáctica e moral. A arte da iluminura medieval reflecte também uma preocupação constante em atingir o ideal de totalidade e da união com Deus, aspecto a que nos temos vindo a referir".
Letra capitular “Q”, iluminura, século XIV. Fonte da imagem: Blog Ensinar História


Página de livro com iluminura referente á comemoração do Pentecoste, século XIV. Fonte da imagem: Blog Ensinar História


Segue a nota sobre a "arte da iluminura":


" Relacionada com esta concepção neoplatónica da imagem transitória, veículo para a formação mental e intelectual da verdadeira imagem (esta entendida como species e associada à memória), encontra-se a distinção entre lux e lumen, também ela integrada nas teorias ópticas estabelecidas por Robert Grosseteste. Segundo estas teorias, a lux é a luz apreendida pelos olhos, sendo, portanto, a luz natural e imediata, enquanto o lumen designa a luz primordial, produzida pela radiação divina. Deste modo, também a luz contém em si mesma uma natureza dual em que um dos seus elementos (a lux) é considerado inferior ao outro, mas necessário como meio privilegiado de condução a um estádio superior, corporizado no seu outro elemento (o lumen). Significativamente, a etimologia da palavra iluminura radica no étimo latino lumen e não em lux. Logo,  não só o termo sugere que as iluminuras são formas de captar e reflectir a luz (daí a utilização do ouro na pintura e dos metais nas encadernações), mas, acima de tudo, indica que é também pela iluminura que se alcança a verdadeira luz do conhecimento, protótipo da luz divina. Neste sentido, a iluminura não vem apenas ilustrar, vem também clarificar, explicar e comentar (illuminare). Dela resultam a leitura, a meditação e o estímulo da memória, pelo que, também ela permite alcançar o conhecimento e chegar mais perto da tão desejada comunhão com Deus".


Fonte: Medievalista on line,  revista digital do Instituto de Estudos Medievais
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas - Universidade Nova de Lisboa

Fonte das imagens: Blog Ensinar História, da Professora Joelza Ester Domingues - Mestre em História Social pela PUC SP.

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Edificações antigas: preservar?

Meu pai nunca gostou de casarios velhos. Dizia que não servem para nada. Apenas para acumular mofo e escorpiões. Não conseguia compreender sua visão. Afinal cidades históricas vivem do seu passado: turismo, arquitetura, história. 

Até pouco tempo, semana passada talvez, ainda lamentava o fato de Campanha não ter preservado sua memória. Outra vez, perdendo para sua "rival" histórica, São João del Rei. 

Lendo um livro de G K Chesterton, deparei com a seguinte frase: "Quando as pessoas adquirem finalmente o horrível hábito de preservar edifícios, perdem o hábito de construí-los".

Confesso que minhas convicções a respeito dos velhos imóveis, balançaram.

Aliando-se à frase, dias atrás assistia a um trecho de um filme nacional, onde uma garota conversava com um restaurador de prédios antigos. Diz o restaurador que havia trabalhado numa casa e recuperou toda a pintura original. Era o interior vermelho e preto. Ficou linda, segundo ele. Mas os proprietários, muito ricos, preferiram pintá-la novamente com uma cor clara, pois a original não combinava com os móvies modernos. Tentava o profissional convencer a mulher de que o restauro é algo de suma importância para uma comunidade. A protagonista, naquele estilo "melhor concordar para não esticar conversa", põe logo fim à discussão. 

Por outro lado, penso ser uma invasão de privacidade no melhor estilo ditatorial, membros do Patrimônio Histórico, IPHAN, etc. adentrar imóveis PARTICULARES com  a desculpa de fiscalizar sua manutenção. Como é absurda a praxe de proprietários buscar autorização destas instituições para trocar uma torneira que está pingando ou consertar uma janela quebrada.

Quanto ao pensamento de Chesterton, a quem sempre dou "ouvidos", fico com uma interrogação: o que diria o gigante inglês, a respeito das catedrais e castelos medievais que pululam no Velho Mundo? Será que também deveriam ser tombados literalmente, para dar lugar a novas edificações?





segunda-feira, 31 de julho de 2017

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Fotografia de Dom Pedro I.


Única fotografia conhecida, retocada (e não pintura) do Imperador D. Pedro I do Brasil, D. Pedro IV de Portugal. 

A fotografia foi inventada em 1826. A foto apresentada é de 1833, ano anterior à sua morte em 1834. Todas as outras imagens conhecidas são retratos pintados.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Futebol de campinho ou de rua, ou ainda, Pelada.

Foto de Gilson Camargo

REGRAS DO FUTEBOL DE CAMPINHO

(1) Os dois melhores não podem estar no mesmo lado. Logo, eles tiram par-impar e escolhem os times.

(2) Ser escolhido por último é uma grande humilhação.

(3) Um time joga sem camisa.

(4) O pior de cada time vira goleiro, a não ser que tenha alguém que goste de catar.

(5) Se ninguém aceita ser goleiro, adota-se um rodízio: cada um cata até sofrer um gol.

(6) Quando tem um pênalti, sai o goleiro ruim e entra um bom só pra tentar pegar a cobrança.

(7) Os piores de cada lado ficam na zaga. 

(8) O dono da bola joga no mesmo time do melhor jogador.

(9) Não tem juiz.

(10) As faltas são marcadas no grito: se você foi atingido, grite como se tivesse quebrado uma perna e conseguirás a falta.

(11) Se você está no lance e a bola sai pela lateral, grite "nossa" e pegue a bola o mais rápido possível para fazer a cobrança (essa regra também se aplica a "escanteio").

(12) Lesões como destroncar o dedão do pé, ralar o joelho, sangrar o nariz e outras são normais.

(13) Quem chuta a bola pra longe tem que buscar.

(14) Lances polêmicos são resolvidos no grito ou, se for o caso, no tapa.

(15) A partida acaba quando todos estão cansados, quando anoitece, ou quando a mãe do dono da bola manda ele ir pra casa.

(16) Mesmo que esteja 15 x 0, a partida acaba com "quem fizer, ganha".

Lembrou tua infância , então tu foi uma criança normal ...

Autor desconhecido.
Fonte: Facebook

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Centro de Estudos Santo Alberto Magno apresenta: Palestra Fé e Política - Prof. Carlos Ramalhete

Espero que os campanhenses do feicebúqui que adoraram as fotografias em HDR que o Carlos Ramalhete tirou da Catedral e da Torre de tv, também possam se deleitar com a aula de história, filosofia, política e catolicismo, proferida por ele em Coronel Fabriciano - MG. Usaram as belas fotos para demonstrar seu orgulho por nossa cidade e enfeitar seu perfil na rede social. Beleza! Que tal agora embelezar também sua inteligência com um pensamento de alta cultura? Afinal Campanha, no imaginário popular, é ou não é a "Athenas sul-mineira"? Façamos jus.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Bandeira imperial do Brasil

Antes da atual bandeira positivista, o significado da nossa bandeira era bastante sugestivo, por conta da catolicidade do povo brasileiro. Deus e Cristo presentes:



O Verde - O retângulo verde está vinculado às cores da Casa de Bragança, em Portugal. Por outro lado, simboliza o país da "eterna primavera" nas palavras de Dom Pedro I.

O Amarelo - A explicação mais aceita é a de que esteja vinculado às cores da Casa de Habsburgo (a Imperatriz Dona Leopoldina era, originalmente, Habsburgo). O Brasão do Império (ao centro da bandeira)

Os ramos vegetais - São de café e de tabaco, duas riquezas do Império. Permaneceram, na República, no Brasão de Armas da República (ou Escudo de Armas da República).

A Cruz de Cristo - Bem ao centro vê-se a Cruz de Cristo (é um dos tipos de cruz) que nos lembra Portugal e a Ordem dos Cavaleiros de Nosso Senhor Jesus Cristo, nome que, em Portugal, tomou a Ordem dos Templários. Figurava nas velas das caravelas por ser de sua origem o financiamento das navegações, já que se tratava de organização muito rica, na época dos descobrimentos.

A Esfera Armilar - É o símbolo do poder majestático em Portugal e, por extensão, entre os povos de sua origem. É uma esfera formada por armilas, que são círculos metálicos. Simboliza o mundo, também.

A Faixa Azul Com Estrelas - As estrelas simbolizam as províncias do Império, em número de dezenove. É sempre interessante lembrar que a maior delas era a do Grão Pará, que era formada pelos atuais estados do Pará e do Amazonas. Por isso o título constitucional do herdeiro do Príncipe Imperial (ou Princesa Imperial), que era o herdeiro presuntivo da Coroa, era o de Príncipe do Grão Pará. Para entender melhor, se S.A.I. e R. o Príncipe Dom Bertrand, atual Príncipe Imperial do Brasil por ser o sucessor do Chefe da Casa Imperial, fosse casado e tivesse filhos, o seu herdeiro teria o título de Príncipe do Grão Pará.

A Coroa - Acima do Brasão de Armas está a Coroa Imperial (de formato diferente da Coroa Real).

A Cruz acima da Coroa - Significa que Deus está acima do Imperador. 


          Imagem: Itu Resiste

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Prof. Olavo de Carvalho e as vítimas da "ditadura"

"Os familiares de vítimas da ditadura são em geral militantes e simpatizantes eles próprios, sedentos não só de indenizações, mas de vingança revolucionária. Os de vítimas do terrorismo são pessoas comuns, inclinadas a perdoar e esquecer. Estes não querem falar do assunto, aqueles não falam de outra coisa. Essa diferença é ainda acentuada porque a esquerda mantém os primeiros em estado de mobilização permanente e a direita tem pudor de explorar os segundos politicamente. É guerra assimétrica, fundada por sua vez numa assimetria moral abjeta, onde alguns mortos são celebrados como mártires e os outros são meros detritos na lata de lixo da História. Enquanto ninguém se dispuser a corrigir essa assimetria nos tribunais, o curso das coisas continuará indo na direção da catástrofe."

Olavo de Carvalho no Facebook em 02/04/2014

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Historia medieval confiável no ensino público.

Mandou bem o Prof. de História, Raphael Rodrigues Arantes, meu irmão, quando ainda lecionava na Escola  Estadual Vital Brasil. Em seu último ano nesta escola, escolheu o livro "Nova História Integrada" de João Paulo Mesquita Hidalgo e Luis Estevam de Oliveira Fernandes, dentro do projeto PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) para fazer parte da literatura usada pelos alunos a partir de 2012. Deixou um legado de primeira qualidade para os alunos desta escola por pelo menos 3 anos. Dificilmente, a partir de 2015, penso eu, darão continuidade a esta escolha.

Folheando o livro, deparei-me com ótimos textos. Confesso que fiquei surpreso com a qualidade.  Estou acostumado com livros didáticos catolicofóbicos e doutrinadores marxistas, afinal acompanho há anos o ensino fundamental e médio de meus 3 filhos, tanto na escola privada quanto na pública. 

Mas o que contem de tão importante neste livro? Ora, li textos como "Idade Média, Idade das Trevas?" em que os autores desmistificam a mentira de que este foi um período em que a humanidade regrediu, ou no mínimo parou no tempo. Interessante também "Sociedade Medieval, uma sociedade sem mobilidade?" em que mostra o contrário do que por muitos anos se incute na cabeça dos adolescentes que a Idade Média foi um período de castas, onde um plebeu nunca chegaria a ser um nobre.

Fiquei bastante feliz de ver referências a medievalistas como o amigo Prof. Dr. Ricardo da Costa da UFES e a francesa Regine Pernold. Referências a sites como Hottopos e Associação Brasileira de Estudos Medievais

Sugerem os autores, filmes do naipe de "O incrível exército de Brancaleone" e "Coração Valente".

Pelo menos as turmas que durante estes três anos (2012, 13 e 14) estudarem neste livro, terão uma visão bastante diferente dos seus predecessores. 

Parabéns ao Prof. Rafael e tomara que nos anos seguintes possamos contar com o bom senso na escolha de livros didáticos compromissados com a verdade. 


sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Igrejas sempre tiveram bancos?

A partir da imagem de uma pintura partilhada no meu Facebook, aprendi coisas interessantíssimas sobre a nossa Igreja com o amigo e professor Carlos Ramalhete. Coisas essas que nunca foram ensinadas na Catequese. 

Trago para o blog a conversa, porque é uma forma de levar a outras pessoas esta deliciosa aula que recebi do Ramalhete. 

Interno della Cattedrale gotica di Anversa, 1612 - Pintura de Paul Vredeman de Vries. 
Carlos Ramalhete: Duas coisas bem interessantes:
A gama dinâmica da pintura, que hoje só se consegue com HDR;

O espaço aberto e "democrático" da igreja clássica, em que não há bancos forçando as pessoas a olhar pra frente, há várias Missas ao mesmo tempo, etc. Daqui a uns cem ou duzentos anos, provavelmente as igrejas terão voltado a ser assim.

Giovani Rodrigues:  Fantástico. Realmente a fotografia em HDR assemelha-se demais à pintura.  Não sabia que as igrejas não tinham bancos. Sabe quando começaram a ser introduzidos?  Sabia que havia várias missas ao mesmo tempo, mas não que era desta forma. Muito legal!

CR: O uso de bancos foi uma inovação protestante, que aos poucos foi se introduzindo na Igreja.

GR:  bom saber disso. Agora só vou assistir à missa de pé. mas são uns folgados mesmo, hem?

CR: É engraçado como essas coisas pseudo-democráticas (no protestantismo, a ausência de ordens, que faria com que cada um fosse, em teoria, um sacerdote - Cf. Jd11) acabam sendo nem um pouco democráticas. Na Igreja, cada um podia focar a sua atenção no que quisesse, com gente indo de Consagração em Consagração, outros ficando do começo ao fim numa mesma Missa, etc. O foco era Deus, e com isso cada um podia focar no que quisesse usar para apontar pra Ele.

A questão não é folga, é a obrigatoriedade de ouvir um mané falando. O "pastor" estava lá, mandando ver na oralidade (oratória & oração...), e todo mundo tinha que ouvir as besteiras que ele falava. *Ele* ficou importante, enquanto o padre é um mero instrumento.

GR: Rapaz, interessantíssimo isso tudo.

CR:  Repare na diferença entre o espaço sagrado e teocêntrico da Igreja, onde ocorre o mesmo Sacrifício em vários altares, e o espaço antropocêntrico criado pelo protestantismo, em que bancos forçam as pessoas a prestar atenção em alguém falando. E este falador, por estar virado para as pessoas, presta atenção nelas, fazendo o "círculo fechado" que o Papa acusa. Na pintura acima você vê que não há círculos: as pessoas estão todas voltadas pra Deus, em vários altares. O espaço todo é espaço cultual.

GR:  Sim! Na imagem as pessoas estão dispersas. os padres celebram sem se importarem de ter ou não "platéia". Mas e as homilias? Sei que existem sermões maravilhosos dos Padres da Igreja. Eram aos domingos, onde mais católicos podiam comparecer?

CR:  Isso; tanto que se você pegar os Sermões de Pe. Antônio Vieira, por exemplo, você vai ver que é um pra cada domingo. E aí - nessas missas mais solenes - a homilia era feita do púlpito que você pode ver, à direita, bem no meio da igreja e acima das cabeças. Assim não se corria o risco de misturar a ação humana (o sermão, para o qual o padre tira o manípulo, marcando que é "outra coisa" que não o serviço do altar) com a ação divina.

GR:  Por que nunca me ensinaram estas coisas na catequese? :(



sexta-feira, 18 de março de 2011

Apostila de História Positivo

Momentos antes de sairmos para a Catedral para meditarmos a Via Crucis, nesta sexta-feira da quaresma, meu filho Matheus mostrou-me um texto de sua apostila de História. Nem estava indignado, pois já está acostumado com imbecilidades que são porcamente incutidas na cabeça dos pobres alunos. Não poderia deixar de mencionar o preço "módico" da apostila: em torno de R$90,00 cada. São 4 durante o ano. Eis parte da lição:
Século XV: Transição à Idade Moderna
 (...) O processo, denominado Renascimento Cultural, provocou importantes rupturas com um passado (medieval), caracterizado por pensamentos e concepções ultrapassadas de mundo, que predominavam entre a grande maioria da população. Com exceção de uma pequena parcela da sociedade medieval que possuía acesso ao conhecimento, a absoluta maioria era facilmente influenciada pelas "verdades" estabelecidas pela religião dominante.
 O desenvolvimento científico e o racionalismo presentes no movimento renascentista proporcionaram a superação de uma visão teocêntrica de mundo, predominante em uma época em que a grande aventura do descobrimento não teria sido possível. Ou seja, na Idade Média, predominaram a superstição, o fanatismo e o medo, fatores que tornavam a maioria dos homens submissos a uma visão imposta pela Igreja Católica, segundo a qual a Terra era plana e achatada, o que impossibilitaria uma navegação segura. No imaginativo medieval, a fé estava acima da razão e somente um movimento amplo de renovação cultural - o Renascimento - tornou possível ao homem superar o medo do mar e estimular o seu desejo de se lançar a uma aventura "rumo ao desconhecido".
Fonte: Apostila Positivo, 2008. História. Ensino Médio. 3ª série. 1º volume. págs. 2 e 3.
 O autor da apostila simplesmente vocifera suas antipatias, ódio e preconceitos contra a Idade Média, que foi uma era predominantemente católica. Dai sua ira contra tal período. Ou está mentindo descaradamente ou é um ignorante que não sabe o que está escrevendo.

Deve imaginar que a partir do Renascimento, a Europa passou a ter todo um  conhecimento revolucionário. Antes disso a Europa medieval não andou um único passo em direção ao progresso.

Que verdades seriam estas impostas pela religião dominante? É tão bom historiador que não cita fontes nem exemplos. Tudo abstrato. Demonstra que quem está tentando impor alguma coisa é ele, o "historiador" do Positivo.

Gostaria de saber de qual documento do Magistério, o digníssimo historiador retirou esta "verdade absoluta" que a Igreja ensinava que a Terra era plana e achatada.

Nem precisa ser um historiador com mestrado ou doutorado para após ver as seguintes figuras, chegue a conclusão que no período medieval (e bem antes dele) o homem já sabia da esfericidade da Terra:

Carlos Magno portando os símbolos do poder: a coroa, a espada e um GLOBO.
O que é este globo na mão esquerda do grande Imperador? Ele não tinha o domínio sobre toda a Terra? Pois é. Esta é uma gravura ... medieval!

Otão III que reinou no Sacro Império de 983 à 1002.
Outro imperador segurando um globo na mão, simbolizando a Terra: Otão III.

Nossa Senhora de Montserrat
Imagem em madeira, do século XI. Tanto a Nossa Senhora quanto o Menino Jesus seguram um globo nas mãos. Globo que representa a Terra. Nossa Senhora é a Rainha e Jesus o Criador deste esférico planeta azul.

Caso alguém argumente que os globos acima possam simbolizar o universo ou a esfera celeste, veja o que diz o professor Orlando Fedeli:

"A objeção é fraca. Se fosse válida, Carlos Magno seria Imperador não da Terra, mas do globo celeste, o que igualaria a Deus. Ao fazer a imagem de Cristo, Sabedoria de Deus encarnada, segurando o globo na mão, brincando com a Terra, os artistas tinham se inspirado no texto da Sagrada Escritura, onde a Sabedoria de Deus diz: 'Et delectabar per singulos dies, ludens coram eo in omnitempore, ludens in orbe terrarum' (Provérbios VIII, 30-31): 'E cada dia eu me deleitava brincando continuamente diante dEle, brincando sobre o globo da Terra'. É isso o que diz a Vulgata, texto da bíblia de S. Jerônimo, usado na Idade Média. Portanto, qualquer clérigo ou estudante medieval, conhecendo o texto bíblico, sabia que a Terra era um globo".

"E para que não reste qualquer dúvida de que a Bíblia fala em globo da terra - orbe terrarum -, veja o que diz o Dicionário Latino-Português de José Cretella Jr. e Geraldo de Ulhoa Cintra sobre o significado da palavra latina orbis:

Orbis, is: masc. neutro=redondeza, circulo, a roda, coisa redonda ou circular".

"E o dicionário informa que em Virgílio, o grande poeta romano do tempo de Augusto e autor da Enêida, orbe terraqueo significa o globo da Terra. Temos aí mais um dado. Já Virgílio, na Antigüidade, dizia que a Terra é redonda. E Virgílio era muito lido na Idade Média. Dante Aliguieri o tinha como o modelo dos poetas e como seu mestre".
Mapas pré-cristãos e medievais que apresentam a terra redonda:

Mapa mundi do Beato de Liebana ((?-798)

S.to Isidoro de Sevilha (560-636), a Terra era esférica e formada por três continentes.

os dois mais antigos mapas mundi, feitos no século VI, na Babilónia.
 Contra a objeção de que todos estes mapas são circulares, mas planos e chatos, novamente o Prof. Orlando Fedeli:

"Também os nossos mapas atuais são circulares ou ovalados, mas sempre planos, como pizzas, apesar de conhecermos a perspectiva. Os medievais não conheciam a perspectiva; por isso nos desenhos representavam a Terra como disco. Mas em suas esculturas, como vimos, representavam nosso mundo como globo, como esfera. Ademais, se  o argumento fosse válido, daqui a 1000 anos alguém poderia pensar que no século XX era muito ignorante, pois nele se acreditaria que é plana e chata, como a mostram nossos mapas atuais".
Para saber mais sobre o avanço técnico, intelectual, enfim da humanidade, o caro historiador do Positivo deveria ler  o livro Como a Igreja Católica construiu a civilização ocidental.,.

Quem sabe aprende que homens da Igreja inventaram coisas como: champanhe,  relógio, planador, relógio astronômico, sistema hidráulico (moer, peneirar, lavar roupa, cutelaria, produção de cerveja, entre outros num mesmo arroio dentro dos muros de abadias). Criação de universidades e escolas, técnicas de cultivo e produção agrícola, etc. Saberá também que devemos aos monges, mais especificamente a Alcuíno, a criação da minúscula carolíngea, que "popularizou" a escrita que usamos até hoje (espaço entre as palavras e pontuação).

 Fico imaginando, se um aluno numa questão de uma prova responde corretamente, divergindo do "ensinamento" da apostila, qual será a reação do professor? Tem de responder como está no manual? O que dá a esta apostila autoridade?  O preço? A editora do famoso sistema de ensino?


Nitidamente percebemos a parcialidade do autor. Bem como seu anticatolicismo. Assim agem os discípulos de Marx. Assim agem os discípulos de Gramsci. Assim agem os discípulos do deseducador Paulo Freire.

Se nossos jovens querem aprender de verdade, devem procurar fontes seguras, embasadas.,  confiáveis.  Infelizmente estas distorções não são exclusividade do Positivo. Qualquer livro didático que se abra hoje podemos deparar com estas barbaridades.


         Woods Jr., T. E.Como a Igreja Católica Construiu a Civilização Ocidental. Quadrante: São Paulo, 2008.


Imagens: Christi Fidei 
              Ventos do Universo