FULANO DE TAL me vem cheio de opiniões, mete-se na conversa, mas antecipa: “Na minha humilde opinião...”. Que comovente. Não lhe basta cometer suas opiniões como bacharéis em direito cometem seus versos de domingo, mas tem de ter opiniões de baixa auto estima, opiniões de sandálias, opiniões de quem quase nem queria dar sua opinião mas, bem, se já estamos aqui, por que não dar a nossa opinião, não é mesmo? É de graça e vivemos numa democracia. (Democracia, sua puta.) Mas se a opinião é mesmo tão humilde, melhor nem dizê-la. Para que eu vou querer saber de uma opinião assim simplesinha, como o aroma vulgar da florzinha campestre colhida pela menina de calcanhar sujo? Fique com ela, opinador humildão. Deixe sua opinião fora das conversas dos adultos, porque eu não tenho dó. Eu sei que você quer é me enfiar suas opiniões coitadinhas sobre o Papa, sobre o capitalismo, sobre a vida noutros planetas, sobre o sentido último de todas as coisas, e ainda me amolecer o coração com essa história de humildade. Há inteligências tão humildes, mas tão humildes, que nem deveriam sair de casa. Tem o quartinho de empregada pra isso mesmo.
Gustavo Nogy, no seu perfil do Facebook. Julho de 2015.
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