Meu pai nunca gostou de casarios velhos. Dizia que não servem para nada. Apenas para acumular mofo e escorpiões. Não conseguia compreender sua visão. Afinal cidades históricas vivem do seu passado: turismo, arquitetura, história.
Até pouco tempo, semana passada talvez, ainda lamentava o fato de Campanha não ter preservado sua memória. Outra vez, perdendo para sua "rival" histórica, São João del Rei.
Lendo um livro de G K Chesterton, deparei com a seguinte frase: "Quando as pessoas adquirem finalmente o horrível hábito de preservar edifícios, perdem o hábito de construí-los".
Confesso que minhas convicções a respeito dos velhos imóveis, balançaram.
Aliando-se à frase, dias atrás assistia a um trecho de um filme nacional, onde uma garota conversava com um restaurador de prédios antigos. Diz o restaurador que havia trabalhado numa casa e recuperou toda a pintura original. Era o interior vermelho e preto. Ficou linda, segundo ele. Mas os proprietários, muito ricos, preferiram pintá-la novamente com uma cor clara, pois a original não combinava com os móvies modernos. Tentava o profissional convencer a mulher de que o restauro é algo de suma importância para uma comunidade. A protagonista, naquele estilo "melhor concordar para não esticar conversa", põe logo fim à discussão.
Por outro lado, penso ser uma invasão de privacidade no melhor estilo ditatorial, membros do Patrimônio Histórico, IPHAN, etc. adentrar imóveis PARTICULARES com a desculpa de fiscalizar sua manutenção. Como é absurda a praxe de proprietários buscar autorização destas instituições para trocar uma torneira que está pingando ou consertar uma janela quebrada.
Quanto ao pensamento de Chesterton, a quem sempre dou "ouvidos", fico com uma interrogação: o que diria o gigante inglês, a respeito das catedrais e castelos medievais que pululam no Velho Mundo? Será que também deveriam ser tombados literalmente, para dar lugar a novas edificações?
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