"O único contra-ataque seguro é, portanto, a que já Aristóteles indicava no último capítulo dos Tópicos: não entrar em controvérsia com qualquer um que chegue, mas só com aqueles que conhecemos e dos quais sabemos que têm inteligência suficiente para não propor coisas abusurdas que levem ao ridículo, e que têm suficiente talento para discutir à base de razões e não com bravatas, para escutar e admitir tais fundamentos, e que, enfim, apreciem a verdade, prestem com gosto o ouvido às razões, mesmo quando procedem da boca do adversário, e sejam o bastante equitativos para suportar que não se lhes dê razão, quando a verdade está do outro lado.
Disto segue-se que, entre cem pessoas, há apenas uma com a qual valha a pena discutir. Aos demais, deixemos que digam o que querem, porque desipere est juris gentium (ser idiota é um dos direitos do homem) (...)
Em todo caso a controvérsia é, com freqüência, útil para os dois lados, como um roçar de cabeças que serve para cada um retificar os próprios pensamentos e também para adquirir novos pontos de vista. Mas os dois contendores devem ser similares em cultura e inteligência. Se um carece da primeira, não capta tudo, não está au niveau. Se carece da segunda, o rancor que este fato produz o instigará à deslealdade, à astúcia, à vilania."
Fonte: "Como vencer um debate sem precisar ter razão - Em 38 estratagemas (Dialética Erística)" - Arthur Schopenhauer (Introdução, Notas e Cometários Olavo de Carvalho). Págs 183/184. Topbooks Editora
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