Num programa da rádio comunitária local, hoje pela manhã, uma ex-secretária municipal da Cultura estava sendo entrevistada. Não consegui ouvir toda a conversa, pois duas intervenções da apresentadora foram capazes de me fazer desligar o rádio.
1- Disse a moça, que a Igreja Católica deveria (isso em tom imperativo e de censura) canonizar todas as 129 operárias queimadas vivas em 1857 dentro de uma fábrica em Nova Iorque porque foram verdadeiras mártires.
Será que a moça, que se diz católica, não sabe o que é um mártir? Mártir é aquele que morre em função de não renunciar sua fé em hipótese nenhuma. Prefere a morte a ir contra os dogmas de sua religião. Pelo que sabemos, estas mulheres que morreram queimadas não foram pelo fato de serem católicas. Talvez fossem em sua maioria, socialistas. Aí sim, a apresentadora estaria certa. Morreram levantando sua bandeira vermelha. Só que a canonização deve ser feita pela Igreja, mas pela outra "religião": o marxismo.
Aliás, não perderam tempo e as "canonizaram" sim: em 1910 as delegadas do Partido Socialista Americano que participaram em Copenhague do Congresso Internacional Socialista conseguiram firmar o dia 8 de março como o Dia Internacional da Mulher. O que passa a ser "oficial" a partir de 1975 quando a ONU decreta a década da mulher 75/85.
2- Demonstrando não ter muitos argumentos para outro mito, sentenciou a nossa apresentadora que hoje as mulheres concretizam sua emancipação, pois antigamente (de que raios se trata esse "antigamente"?) as mulheres não tinham voz. Se a intenção era atacar a Idade Média, digo que há um grande equívoco. Foi justamente na "Idade das Trevas" que a mulher passou a ter uma posição igual à do homem. Tivemos casos brilhantes de mulheres que dominaram seu século como uma Branca de Castela ou uma Eleonora de Aquitânia. Durante o medievo, em que a Igreja era "universalmente" ouvida, as mulheres tiveram seus direitos colocados em prática. Isso porque a Igreja influenciou na evolução do Direito Ocidental. Com o declínio da Idade Média, foi redescoberto o Direito Romano. Daí foi um passo para as mulheres perderem tudo que tinham conquistado. É bom deixar claro que uma possível sugestão de que a Idade Média (e por tabela, a Igreja) foi quem "calou" as mulheres não passa de uma falácia constantemente bombardeada pela mídia e professores na cabeça dos incautos.
Minha maneira de pensar é: dia das mulheres é papagaiada. Mulheres merecem nosso carinho, respeito e admiração todos os dias do ano.
Giovani Rodrigues
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