Rafael Falcón |
"Sobre os pecados de luxúria, como masturbação, fornicação e adultério, minha impressão pessoal é a seguinte: normalmente eles são tentativas de afogar com estímulos físicos uma sensação de vazio ou ansiedade que não tem coisa alguma a ver com sexo. Então encare a porcaria do seu problema em vez de se refugiar numa vagina, cacete.
Obs: hoje é comum que as pessoas cresçam praticando esses pecados para fugir da ansiedade. Daí se acrescenta o problema do hábito, que é uma "segunda natureza", como dizia Sto. Agostinho. Você vai ter que perder o hábito, depois fica bem mais fácil.
E tenha paciência consigo mesmo. Não é esperado que alguém que passou vinte anos usando o sexo para se aliviar perca esse hábito da noite para o dia. Não se desespere por causa de reincidências em momentos extraordinários."
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"Quando era menino me apaixonava perdidamente por desconhecidas na rua. Passava a imaginar como seria se nos conhecêssemos, etc. Com o tempo, percebi que aquelas moças provavelmente eram muito desinteressantes, e que eu estava me apaixonando por outras pessoas, que não estavam dentro daqueles corpos, mas eram simbolizadas por eles. Continuo me apaixonando periodicamente, mas aprendi a não confundir o símbolo com o seu portador."
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"Quando olhamos para uma foto dessas celebridades gostosonas praticamente peladas, todos sabemos o que sentimos. Mas se pensarmos que aquela estrutura física é também um esqueleto coberto de carne, ou se conseguirmos imaginar a pessoa inteira por trás dela, ou (muitas vezes) se simplesmente ouvirmos sua voz, o tesão enfraquece e se torna controlável. Numa palavra, ele depende de reduzirmos a pessoa a certos aspectos seus, os mais sensíveis e menos relevantes.
Eu, particularmente, tenho muita dificuldade de sentir alguma coisa (digamos) por celebridades. É só imaginar a fulana abrindo a boca que sinto um desgosto totalmente brochante.
E quanto maior o seu senso estético, mais dificuldade você tem de se animar em excesso com bundões e peitões. A exigência começa a ficar grande demais. No limite, você só vai se contentar com a beleza de Deus. Daí que uma educação de elite melhore o nível moral das pessoas.
Quando a mulher é percebida como objetivamente bonita (e não apenas "eroticamente convidativa"), ela é sacralizada, como na poesia trovadoresca, e o sujeito tem até medo de tocá-la. O problema da maioria é perceber a beleza autêntica para além desses impulsos eróticos."
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* Rafael Falcón - é bacharel em Letras/Latim, mestre em Letras Clássicas e com formação acadêmica em Semiótica e Lingüística Geral, tudo pela USP. Professor por vocação.
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