Estou lendo a ótima biografia do cientista campanhense Vital Brazil, escrita pelo seu filho Lael Vital Brazil. Ainda estou no começo, mas já dá para perceber que o autor é intelectualmente honesto ao mencionar o clero católico, apesar de seus antecessores terem abraçado o protestantismo.
Interessante também seu respeito e talvez, apreço pelo Brasil Império. Fato que me alegra.
Apenas gostaria neste ponto de esclarecer um possível equívoco, provavelmente pela formação protestante da família Vital Brazil. Diz o autor na página 51 do livro "Vital Brazil - meu pai":
"Enquanto, na época (1878), a Igreja Católica se mostrava completamente fechada, intolerante e repressiva, ameaçando com as mais terríveis punições os pecados cometidos por seus seguidores, proibindo a leitura da Bíblia sagrada e rezando as missas em latim, os protestantes usavam a Bíblia para ensinar leitura às crianças, pregavam o evangelho em bom português, e seus pastores se tornavam amigos e conselheiros das famílias".
"Enquanto, na época (1878), a Igreja Católica se mostrava completamente fechada, intolerante e repressiva, ameaçando com as mais terríveis punições os pecados cometidos por seus seguidores, proibindo a leitura da Bíblia sagrada e rezando as missas em latim, os protestantes usavam a Bíblia para ensinar leitura às crianças, pregavam o evangelho em bom português, e seus pastores se tornavam amigos e conselheiros das famílias".
Nesta época reinava na Igreja, Leão XIII. Era firme na defesa da verdade e do direito. Soube também ser ponderado e conciliador. Tornou-se uma das figuras mais brilhantes de sua época. O mundo dava-lhe ouvidos.
Evidente que a Igreja deveria manter uma certa rigidez, pois os tempos eram difíceis. Enquanto conciliadores procuravam uma aproximação entre o estado italiano e o Vaticano, a Maçonaria movia a Itália e hostilizava a Santa Sé.
Na Alemanha, Leão XIII enfrentou a Kulturkampf (política antieclesial), mas conseguiu convencer Bismarck. O primeiro ministro alemão recuou e perante a sabedoria do Sumo Pontífice e chegou a convidá-lo para mediar um litígio com a Espanha. Sendo a sentença do Papa aceita por ambas as partes.
Era tão "intolerante" a Igreja, que Leão XIII recebeu no Vaticano por duas vezes a visita do imperador protestante Guilherme II. Época em que nem governantes católicos ele recebia por conta da crise com a Itália. A Rússia criou a sua embaixada na Santa Sé, durante este período. Governantes do mundo todo o reconheciam como um grande e sábio homem.
Internamente, quanto aos católicos, Leão XIII revelou-se grande pastor e mestre. Diferente do que comentou o Sr. Lael. Numa época de desatino filosófico, Leão XIII recomendou através de encíclica o estudo de Santo Tomás de Aquino aos estudantes de filosofia e teologia. Escreveu ainda diversos documentos referentes às questões sociais (a mais famosa é a Rerum Novarum).
Criou a Pontifícia Comissão Bíblica para acompanhar os estudos exegéticos por diversas correntes de pensamento. Abriu aos estudiosos do mundo inteiro as portas da Biblioteca e do Arquivo do Vaticano.
Quando morreu, Leão XIII contava com 93 anos de idade. Lúcido e enérgico. Fez do Papado uma potência moral universal, com o qual podiam contar os estadistas.
Não entendo qual o problema com as missas rezadas em latim. Afinal era acessível ao leigo um missal para acompanhar a missa. Missal este bilíngue.
Curioso que no mesmo capítulo onde o Sr. Lael critica o latim, entra em contradição ao contar a história de um monge charlatão que apareceu na cidade de Guaxupé, onde morava a família de Vital Brazil. Só foi descoberto sua picaretagem, quando um padre assistiu a missa celebrada pelo gatuno numa língua que ele dizia ser o latim. Mas de latim não tinha nada. Ou seja, se a Igreja não tivesse esse diferencial, talvez nunca o charlatão fosse descoberto.
Portanto fica aqui registrado o equívoco cometido pelo Sr. Lael ao comentar inverdades sobre a Igreja. Poderia eu simplesmente não ter manifestado nada, mas não poderia me omitir pois muitos prováveis leitores podem se deixar levar por esta passagem, fazendo assim uma visão distorcida e mentirosa da história da Igreja.
Fontes: "Vital Brazil - meu pai" Lael Vital Brazil
Editora Cléofas - História da Igreja - De Leão XIII a Pio XII
Evidente que a Igreja deveria manter uma certa rigidez, pois os tempos eram difíceis. Enquanto conciliadores procuravam uma aproximação entre o estado italiano e o Vaticano, a Maçonaria movia a Itália e hostilizava a Santa Sé.
Na Alemanha, Leão XIII enfrentou a Kulturkampf (política antieclesial), mas conseguiu convencer Bismarck. O primeiro ministro alemão recuou e perante a sabedoria do Sumo Pontífice e chegou a convidá-lo para mediar um litígio com a Espanha. Sendo a sentença do Papa aceita por ambas as partes.
Era tão "intolerante" a Igreja, que Leão XIII recebeu no Vaticano por duas vezes a visita do imperador protestante Guilherme II. Época em que nem governantes católicos ele recebia por conta da crise com a Itália. A Rússia criou a sua embaixada na Santa Sé, durante este período. Governantes do mundo todo o reconheciam como um grande e sábio homem.
Internamente, quanto aos católicos, Leão XIII revelou-se grande pastor e mestre. Diferente do que comentou o Sr. Lael. Numa época de desatino filosófico, Leão XIII recomendou através de encíclica o estudo de Santo Tomás de Aquino aos estudantes de filosofia e teologia. Escreveu ainda diversos documentos referentes às questões sociais (a mais famosa é a Rerum Novarum).
Criou a Pontifícia Comissão Bíblica para acompanhar os estudos exegéticos por diversas correntes de pensamento. Abriu aos estudiosos do mundo inteiro as portas da Biblioteca e do Arquivo do Vaticano.
Quando morreu, Leão XIII contava com 93 anos de idade. Lúcido e enérgico. Fez do Papado uma potência moral universal, com o qual podiam contar os estadistas.
Não entendo qual o problema com as missas rezadas em latim. Afinal era acessível ao leigo um missal para acompanhar a missa. Missal este bilíngue.
Curioso que no mesmo capítulo onde o Sr. Lael critica o latim, entra em contradição ao contar a história de um monge charlatão que apareceu na cidade de Guaxupé, onde morava a família de Vital Brazil. Só foi descoberto sua picaretagem, quando um padre assistiu a missa celebrada pelo gatuno numa língua que ele dizia ser o latim. Mas de latim não tinha nada. Ou seja, se a Igreja não tivesse esse diferencial, talvez nunca o charlatão fosse descoberto.
Portanto fica aqui registrado o equívoco cometido pelo Sr. Lael ao comentar inverdades sobre a Igreja. Poderia eu simplesmente não ter manifestado nada, mas não poderia me omitir pois muitos prováveis leitores podem se deixar levar por esta passagem, fazendo assim uma visão distorcida e mentirosa da história da Igreja.
Fontes: "Vital Brazil - meu pai" Lael Vital Brazil
Editora Cléofas - História da Igreja - De Leão XIII a Pio XII
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