sábado, 21 de janeiro de 2012

Igrejas Campanhenses (II)

Foto: Acervo Fotográfico Paulino Araújo.
Igreja Nossa Senhora das Dores

Situada na esquina da Rua Saturnino de Oliveira (antiga Saldanha Marinho e antes Rua Direita) com a Travessa N. S. das Dores, foi construida nos últimos anos do século XVIII. Na verga da porta principal está a data de sua conclusão: 1799.É inteiramente de pedra, aspecto das igrejas do Ciclo do Ouro. Como as de Ouro Preto, Sabará e outras cidades daquela época. 

Foi edificada por José de Jesus Teixeira, cidadão português, grande proprietário de escravos e terrenos auríferos. Na profissão de minerador, conseguiu acumular considerável fortuna, pagando seus camaradas com ouro em pó. Sistemático, de hábitos morigerados, vida simples e de grande piedade. Um verdadeiro católico. Socorria os pobres. Colocou à porta de sua residência um sino para chamar os que tinham fome duas vezes por dia para alimentá-los. Em consequência de sua generosidade e da queda da mineração, viu sua fortuna ser reduzida. Foi caluniado e ameaçado de prisão (por motivo não esclarecido). Magoado, retirou-se para o Rio de Janeiro, onde faleceu no Convento de Santo Antônio.

A igreja foi construída ao lado de sua residência, edifício histórico ainda existente. Prédio onde funcionou a Prefeitura até 1972. Possui a igreja, somente uma torre, que é a segunda levantada, visto que nos primeiros tempos, fora demolida a original, por perigo de desabamento. A segunda torre foi concluída em 1882 graças aos esforços do Padre João de Almeida Ferrão (que viria a ser nosso primeiro Bispo Diocesano) e de seu pai, Capitão Francisco Ferrão de Almeida Trant.

Até as primeiras décadas do século passado, era o seu teto decorado com impressionantes cenas da Paixão de Jesus Cristo, com figuras em tamanho natural. Danificada pelas goteiras, foi essa pintura encoberta por uma demão de tinta comum.

Foto: Jornal da Câmara - Jornalista André Luiz Ferreira 

Foram zeladores da igreja os beneméritos campanhenses: José Coelho Gomes Ribeiro, Zeferino Dias Ferraz da Luz, Antônio Evangelista Pereira, João Pedro de Alvarenga, Jesuína da Veiga Ferreira Lion e Abelardo Gonçalves Leite. Hoje é bastante usada pelos Grupos de Oração da Renovação Carismática Católica.

Fonte: adaptado de "Os Correios na História da Campanha", 1973.
Giovani Rodrigues Arantes


quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Lista de material escolar: o que não pode ser exigido pela escola pública.

Imagem: E-Destock.com

Todo ano, os pais recebem de algumas escolas públicas uma lista de material para ser entregue no início do ano letivo. Alguns itens são para uso administrativo. Esta é uma prática ilícita. A Lei 9.394, de 20-12-1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no Artigo 4, Item VIII, diz que é de direito do aluno do ensino Fundamental Público receber o Material-Didático Escolar, Transporte Escolar, Alimentação e Assistência à Saúde. 

As instituições recebem recursos para a aquisição destes materiais, como o FUNDEB. Parte deste recurso (60%) é destinado para remuneração dos profissionais do Magistério. Os outros 40% é aplicado nas demais ações de manutenção e desenvolvimento do ensino. Entre elas a aquisição de materiais de consumo e didático-escolares diversos. Veja aqui a cartilha completa .

Confira os itens que podem aparecer nas listas de material escolar mas que NÃO podem ser exigidos pelas escolas:
- copos descartáveis
- papel higiênico
- água potável
- materiais de limpeza
- álcool
- algodão
- apagador
- barbante
- canetas para lousa
- cartolina
- copos
- creme dental
- detergente
- CDs, disquetes ou pendrive
- esponja de aço
- estêncil
- cartucho e toner para impressora
- fita adesiva
- giz para quadro negro
- grampeador e grampos
- guardanapos
- líquido corretivo
- medicamentos para primeiros socorros
- papel A4
- papel ofício
- pasta suspensa
- plástico para classificador
- prato descartável
- sabonete
- talheres
- tinta para mimeógrafo 

           Educar para Crescer
           Gazeta On line

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Igrejas campanhenses (I)

Campanha foi descoberta em 02 de outubro de 1737. Já em dezembro iniciou-se a construção da igreja matriz. Em 1742, 4 anos depois, os habitantes da Freguesia de Santo Antônio do Vale da Piedade da Campanha do Rio Verde, solicitaram ao Bispo do Rio de Janeiro, Dom Frei João da Cruz, a ereção da Irmandade do S.S.Sacramento, na matriz que haviam construído. 

O templo foi erigido no centro de uma formosa colina, local que se tornou conhecido como Largo da Matriz, e depois da proclamação da República teve a denominação de Praça Floriano Peixoto. Hoje, Praça Dom Ferrão, em homenagem ao primeiro Bispo da Diocese. Ficava um pouco abaixo de onde está a Catedral, onde estão as estátuas de Vital Brazil e Ministro Alfredo Valladão. Era um grande templo: comportava em seu interior mais de 100 sepulturas, como era costume da época.

Importaram as despesas da construção da igreja e compra de paramentos em treze contos e quinhentos mil réis, pagos em ouro, excluindo-se as obras de talha e os objetos de culto, alguns doados pelos habitantes.

Em 1785 surgiu a ideia de construção de uma nova matriz. Foi edificada um pouco atrás da velha (demolida mais tarde). Com assistência de grande número de fiéis e membros das irmandades, o padre Bernardo da Silva Lobo presidiu solenidade de lançamento da pedra fundamental em 21 de janeiro de 1787.

A nova igreja foi feita de taipa, de terra da melhor qualidade, trazida de longa distância. Os materiais para o início dos trabalhos foram transportados na cabeça por todos os habitantes da localidade, sem distinção de sexo, idade, fortuna e posição social. Notável a solidez da obra. A espessura das paredes causa admiração.

Catedral Santo Antônio - Foto: Acervo Fotográfico Paulino Araújo.



A 19 de abril de 1818 foi construída a belíssima Capela destinada ao Santíssimo Sacramento. Em 31 de março de 1822, tendo como padroeiro Santo Antônio, foi abençoada a nova matriz.

Os campanhenses Capitão Justino Xavier de Melo Lisboa, José Coelho Neto e Dr. Francisco José de Araújo Macedo, empreenderam com muita luta, os trabalhos de ornamentação do frontispício e construção das torres durante 3 décadas de ingentes esforços, por vezes interrompidos.

Anos mais tarde, as torres apresentaram desvio de prumo. Não mediram esforços para consertá-las os piedosos e beneméritos campanhenses: Vigário Padre Paulo Emílio Moinhos de Vilhena; Padre Justino Maria Lombardi, superior do noviciado de Jesuítas; Dr. André Martins de Andrade, juiz de Direito; Dr. José Augusto Ferreira da Veiga e Eulálio da Veiga Ferreira Lopes.

Em 1900 a igreja foi reformada interiormente pelos padres jesuítas para as festividades de fim de século. A segunda matriz se tornou Catedral em 19 de setembro de 1909, data da sagração episcopal de Monsenhor João de Almeida Ferrão, primeiro Bispo da Diocese da Campanha.

Por volta de 1925 foi modificada sua fachada, ficando as torres como estão até hoje. Serviço executado pelo empreiteiro espanhol, Clemente Marques. Por iniciativa do Cura, Monsenhor Hugo Bressane de Araújo, foi instalado o relógio em setembro de 1933.

Interior da Catedral ainda sem os arcos laterais. Foto: Acervo Fotográfico Paulino Araújo.

Interior da Catedral com os arcos laterais. Foto: Acervo Fotográfico Paulino Araújo.

Em 1948 foi alterada a estrutura interna da nave central, com a abertura de grandes arcos laterais, supressão de alguns altares, nova pavimentação, construção da cripta, etc. Empreendimento do Vigário Geral da Diocese, Monsenhor João Rabelo de Mesquita. Obra audaciosa, que foi executada pelo construtor licenciado, Virgílio Orestes Pereira Guimarães.

Foto: Acervo Fotográfico Paulino Araújo.

Foto: Acervo Fotográfico Paulino Araújo.

Foto: Acervo Fotográfico Paulino Araújo.
Nos anos 70, o saudoso e zeloso Cura Padre Fuhad Lage, empreendeu numerosos melhoramentos na Catedral: pintura interna e externa, construção do salão paroquial, revestimento das torres com chapas de alumínio, instalação de alto-falante e sistema de som.


 A Catedral necessita de uma manutenção urgente. Apesar do empenho do Cura, Padre Marquinho Iabrud, hoje a coisa é bem mais complicada que nos anos anteriores da história deste que é o maior templo do Estado de Minas e o terceiro do Brasil. A população dita "católica" não tem mais o fervor e amor às coisas de sua Igreja como nos séculos passados. Nossos antepassados não mediam esforços em prol da manutenção e melhoramentos da igreja. Infelizmente somente uma pequena parcela dos católicos paga o dízimo. Se todo católico contribuísse fielmente com o dízimo, tenho certeza que o dinheiro daria para a reforma sem a necessidade de ficar na expectativa de promessas políticas.

Fonte: Os Correios na História da Campanha, 1973.
           Inventário de Proteção do Acervo Cultural (IPAC) da Campanha - 2001.
           Fotos antigas: Acervo Fotográfico Paulino Araújo. (fotos encontradas na rede social Orkut)