quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Redação de Cartas - Uma arte em extinção?

Texto interessante que encontrei navegando de bobeira pela net, pesquisando sobre Mark Twain, :

Redação de cartas é uma arte que está desaparecendo

Catherine Field
Paris (França)
O envelope chega com o endereço laboriosamente manuscrito e com o selo trazendo a figura da rainha perfeitamente colocado no canto superior direito.

O carteiro para a sua bicicleta para colocar a carta na caixa de correspondência e o cachorro emite dois latidos. É hora de fazer chá e ler.

A carta foi enviada por Joyce, a minha sogra de 75 anos de idade, que mora na Inglaterra. Ela é sempre escrita dos dois lados de uma única folha, em papel de boa qualidade, sem linhas e margens, e nenhuma textura especial ou perfume de lavanda. A redação é feita em um papel branco simples.

Ela escreve em letras manuscritas, em estilo claro, mas relaxado, que não procura impressionar o leitor. As suas palavras encaixam-se confortavelmente nos dois lados da página; os pensamentos dela fluem perfeitamente de um parágrafo ao outro. Não há finais dissonantes de parágrafo, postscriptum, ou siglas como OMG ou LOL. Nada de ícones smiley. Apenas palavras.

A mulher que escreve estas cartas ficou viúva recentemente. O marido dela foi durante décadas o colunista de pesca mais popular do Reino Unido, tendo escrito as suas colunas sem falha até cinco dias antes da sua morte, aos 88 anos de idade. A minha sogra cuidou dele em casa durante os seus últimos três anos de vida, até que ele morresse, ao lado dela, durante o sono.

A carta dela frequentemente demora quatro ou cinco dias para chegar a mim, mas a sensação rompe instantaneamente as barreiras de tempo e espaço. Sentada com a carta nas mãos, eu imediatamente visualizo a remetente: lá está ela, sentada à mesa na sala de jantar, com uma xícara de chá à sua direita, o rádio desligado ou com o volume baixo, os pensamentos fluindo pelos seus dedos para a página.

As cartas dela nos informam sobre as condições meteorológicas, a gentileza dos vizinhos, os empecilhos burocráticos vinculados à morte, as cartas de condolências que ela recebeu – em suma, sobre todos os detalhes relativos a recomeçar a vida sem o homem que ela amou durante 50 anos.

Quando acaba de redigir, ela veste o casaco, coloca a boina na cabeça e caminha até a caixa dos correios, bem a tempo para a coleta das 16h30.

Para ela, escrever uma carta em um momento de pesar é algo que faz parte da vida, é um sinal de civilidade e compromisso que mantém a sociedade coesa. Para a geração dela, dever e cortesia são coisas tão normais como respirar.

Eu me descubro formulando as perguntas: será que esta geração que desaparece será também a última a escrever cartas? Mensagens escritas à mão em vez de em fragmentos de código binário? Uma escrita que contém emoções em vez de emoticons?

A redação de carta é uma das artes mais antigas. Pensem em cartas e imediatamente vêm à mente as figuras de Paulo de Tarso, Abraham Lincoln, Jane Austen, Mark Twain; cartas de amor escritas durante a Guerra Civil Norte-americana, ou cartas escritas para um pai ou mãe por um soldado amedrontado na frente de batalha.

Uma boa carta manuscrita é um ato criativo, e não apenas porque trata-se de um prazer visual e tátil. Isso é um ato deliberado de exposição, uma forma de vulnerabilidade, porque a redação manuscrita abre uma janela para a alma de uma forma que a comunicação por computador jamais será capaz de fazer. A gente saboreia a chegada dela e mais tarde toma o cuidado de guardá-la em segurança em uma caixa.

Sim, o e-mail é uma invenção maravilhosa. Ele conecta pessoas de todo o mundo, destruindo em um instante as barreiras geográficas enfrentadas pela correspondência comum. Mas, o e-mail é por natureza efêmero e carece daquela centelha de personalidade que só a redação manuscrita é capaz de proporcionar. Quando recebemos um e-mail, nunca somos capazes de saber se fomos os únicos destinatários – e sequer se a mensagem é original.

Sempre gostamos de examinar as cartas de grandes figuras como Winston Churchill e Abigail Adams devido à inspiração que elas nos proporcionam: a escrita, as rasuras, a própria sensação de história transmitida pelo papel.
Sentada aqui, saboreando a chegada iminente da próxima carta da minha sogra, eu me pergunto qual será o legado da era de redação digital de cartas.

Catherine Field é jornalista e mora em Paris.

Giovani Rodrigues 

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Retratação: Sobre a Dama da Noite

Venho nesta postagem, corrigir um erro que bisonhamente cometi no texto Erradicação da Dama da Noite em Campanha MG 

Como sou totalmente leigo no assunto, fui mal informado que a tal lei era para erradicar a perfumosa Dama da Noite.

Como podem notar, no equivocado texto, o meu amigo José Augusto Oliveira  alerta para o erro que cometi.
Realmente a murta não tem nada a ver com a dama da noite. Percebemos pelo nome científico que são distintas.

Transcrevo aqui o pertinente comentário do José Augusto, o famoso Zezé:

Gostaria de fazer uma observação sobre a Murta. A Murta ou Dama da Noite em que se trata para erradicação seria a:

Nome Científico: Murraya paniculata
Sinonímia: Chalcas paniculata, Murraya exotica, Chalcas exotica
Nome Popular: Murta-de-cheiro, murta, murta-da-índia, murta-dos-jardins, jasmim-laranja, dama-da-noite
Família: Rutaceae
Divisão: Angiospermae
Origem: Índia e Malásia, Sul e Sudeste da Ásia
e não a tão conhecida Dama da Noite existente em grande quantidade em nossa cidade que é a:

Nome Científico: Cestrum nocturnum
Sinonímia: Cestrum leucocarpum, Cestrum parqui
Nome Popular: Dama-da-noite, flor-da-noite, jasmim-da-noite, rainha-da-noite, coirana,coerana, jasmim-verde
Família: Solanaceae
Divisão: Angiospermae
Origem: América Tropical

. Temos que tomar muito cuidado com informações sem um parecer técnico emitido por um profissional da área, Já que existe na maioria das casas e a flor que deixa aquele cheiro maravilhoso é a Cestrum nocturnum. 

Agradeço a gentil intervenção do Zezé e também da colega de trabalho, Solange que também procurou-me para alertar quanto ao equívoco que cometi.

Lamento o fato de não ter sido procurado nem pela EMATER, nem pela Prefeitura Municipal para um exclarecimento sobre o meu texto. 

De qualquer forma o que importa é que nossa Dama da Noite permanecerá nos presenteando com seu perfume, sem ameaça de extermínio.

Giovani Rodrigues