segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Limpeza urbana

Todas as segundas e sextas-feiras lá estão os homens da limpeza: o motorista Anderson e a turma que com sol escaldante, vento cortante, chuva torrencial ou granizo honram sua função de servidores públicos. São eles: Údi, Nem Corrêa, Zé Reis e Délcio. O caminhão vai à frente vagarosamente parando em pontos estratégicos das ruas. Os demais servidores correm atrás, pegando os sacos de lixo das casas e atirando-os dentro da caçamba. Incansáveis. Nunca aparentam mal-humor ou moleza. Independente das intempéries.

Nestes dias eles passam na rua de minha casa e do meu trabalho. Mas nos outros dias da semana batalham em outras ruas de nossa cidade. Inclusive sábados e feriados, quando os demais servidores estão descansando.

 
Certa vez,  o prefeito municipal enviou um projeto de lei que dava um aumento diferenciado (apesar de seu partido sempre 'defender' e 'lutar' pelo igualitarismo) em que alguns secretários receberiam até mais de 100% de aumento e a turma que pega no pesado míseros reajustes de até 10% à Câmara para votação. Tentando convencer um agente político de tal discrepância (muito mais a da ação do prefeito em relação às "bandeiras" socialistas/comunistas de seu partido) o agente disse que quem ganha salário mínimo é porque fez prova para ganhar salário mínimo. Porque não produzia intelectualmente e por isso não precisaria ganhar mais. Porque quem lava privada vai continuar lavando privada até aposentar, porque não quer crescer.

Argumentei com ele perguntando como poderia um servidor público crescer? Não existe no serviço público esta história de promoção. Não adianta mostrar serviço, afinal desvio de função é ilegal. Mesmo não havendo produção intelectual, cada um tem seu valor como profissional. É o caso dos caros amigos que diariamente retiram o lixo de nossas residências. É um serviço nobre. Pense bem: é nauseante retirar o saco de lixo do banheiro e dos detritos da cozinha da sua própria casa. Fedem. É asqueroso. Agora imagine estes servidores que todos os dias dão cabo de nossos detritos. 

Alguém pode dizer: mas eles são concursados para isso. Não fazem mais do que a obrigação de fazer e fazer bem feito. Concordo. Mesmo porque também sou servidor e tenho mais é que fazer bem feito minha função, pois sou pago com dinheiro público para bem servir. Só que algo que me incomoda: alguns agentes políticos do legislativo, praticamente semanalmente enviam Moção de Aplauso ao Chefe do Executivo e a outros servidores em cargo comissionado por bem desempenharem sua função;  e a  Deputados por destinarem verbas à nossa cidade. Mas eles também não estão fazendo nada mais, nada menos que sua obrigação?

Manifesto aqui meu agradecimento a todos os servidores públicos municipais que desempenham com desenvoltura suas funções para deixarem as ruas de nossa bicentenária cidade sempre limpa. Não apenas ao pessoal do caminhão de lixo, mas também a todos os varredores de rua. Meu muito obrigado e parabéns pelo serviço prestado à nossa comunidade.

Um comentário:

  1. Exemplo de cidadania é termos consciência da importância do trabalho desempenhado pelos nossos coletores de lixo, assim como nossas atitudes no envolvimento em conjunto com esses trabalhadores da nossa cidade. Precisamos ser críticos e questionarmos se estamos fazendo nossa parte , devemos avaliar o lixo que produzimos , conhecer essas pessoas que trabalham na coleta, será que nossa cidade existe coleta seletiva ? O aterro sanitário não esta´ em agressão com nosso meio ambiente ? Desculpe Giovani , me empolguei , mas entendi a colocação do seu texto e quis realçar a importância desses autores que são responsáveis por recolherem das ruas nossos atos de insanidade, crueldade e ignorância.
    Muito bom !

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