quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Igrejas campanhenses (I)

Campanha foi descoberta em 02 de outubro de 1737. Já em dezembro iniciou-se a construção da igreja matriz. Em 1742, 4 anos depois, os habitantes da Freguesia de Santo Antônio do Vale da Piedade da Campanha do Rio Verde, solicitaram ao Bispo do Rio de Janeiro, Dom Frei João da Cruz, a ereção da Irmandade do S.S.Sacramento, na matriz que haviam construído. 

O templo foi erigido no centro de uma formosa colina, local que se tornou conhecido como Largo da Matriz, e depois da proclamação da República teve a denominação de Praça Floriano Peixoto. Hoje, Praça Dom Ferrão, em homenagem ao primeiro Bispo da Diocese. Ficava um pouco abaixo de onde está a Catedral, onde estão as estátuas de Vital Brazil e Ministro Alfredo Valladão. Era um grande templo: comportava em seu interior mais de 100 sepulturas, como era costume da época.

Importaram as despesas da construção da igreja e compra de paramentos em treze contos e quinhentos mil réis, pagos em ouro, excluindo-se as obras de talha e os objetos de culto, alguns doados pelos habitantes.

Em 1785 surgiu a ideia de construção de uma nova matriz. Foi edificada um pouco atrás da velha (demolida mais tarde). Com assistência de grande número de fiéis e membros das irmandades, o padre Bernardo da Silva Lobo presidiu solenidade de lançamento da pedra fundamental em 21 de janeiro de 1787.

A nova igreja foi feita de taipa, de terra da melhor qualidade, trazida de longa distância. Os materiais para o início dos trabalhos foram transportados na cabeça por todos os habitantes da localidade, sem distinção de sexo, idade, fortuna e posição social. Notável a solidez da obra. A espessura das paredes causa admiração.

Catedral Santo Antônio - Foto: Acervo Fotográfico Paulino Araújo.



A 19 de abril de 1818 foi construída a belíssima Capela destinada ao Santíssimo Sacramento. Em 31 de março de 1822, tendo como padroeiro Santo Antônio, foi abençoada a nova matriz.

Os campanhenses Capitão Justino Xavier de Melo Lisboa, José Coelho Neto e Dr. Francisco José de Araújo Macedo, empreenderam com muita luta, os trabalhos de ornamentação do frontispício e construção das torres durante 3 décadas de ingentes esforços, por vezes interrompidos.

Anos mais tarde, as torres apresentaram desvio de prumo. Não mediram esforços para consertá-las os piedosos e beneméritos campanhenses: Vigário Padre Paulo Emílio Moinhos de Vilhena; Padre Justino Maria Lombardi, superior do noviciado de Jesuítas; Dr. André Martins de Andrade, juiz de Direito; Dr. José Augusto Ferreira da Veiga e Eulálio da Veiga Ferreira Lopes.

Em 1900 a igreja foi reformada interiormente pelos padres jesuítas para as festividades de fim de século. A segunda matriz se tornou Catedral em 19 de setembro de 1909, data da sagração episcopal de Monsenhor João de Almeida Ferrão, primeiro Bispo da Diocese da Campanha.

Por volta de 1925 foi modificada sua fachada, ficando as torres como estão até hoje. Serviço executado pelo empreiteiro espanhol, Clemente Marques. Por iniciativa do Cura, Monsenhor Hugo Bressane de Araújo, foi instalado o relógio em setembro de 1933.

Interior da Catedral ainda sem os arcos laterais. Foto: Acervo Fotográfico Paulino Araújo.

Interior da Catedral com os arcos laterais. Foto: Acervo Fotográfico Paulino Araújo.

Em 1948 foi alterada a estrutura interna da nave central, com a abertura de grandes arcos laterais, supressão de alguns altares, nova pavimentação, construção da cripta, etc. Empreendimento do Vigário Geral da Diocese, Monsenhor João Rabelo de Mesquita. Obra audaciosa, que foi executada pelo construtor licenciado, Virgílio Orestes Pereira Guimarães.

Foto: Acervo Fotográfico Paulino Araújo.

Foto: Acervo Fotográfico Paulino Araújo.

Foto: Acervo Fotográfico Paulino Araújo.
Nos anos 70, o saudoso e zeloso Cura Padre Fuhad Lage, empreendeu numerosos melhoramentos na Catedral: pintura interna e externa, construção do salão paroquial, revestimento das torres com chapas de alumínio, instalação de alto-falante e sistema de som.


 A Catedral necessita de uma manutenção urgente. Apesar do empenho do Cura, Padre Marquinho Iabrud, hoje a coisa é bem mais complicada que nos anos anteriores da história deste que é o maior templo do Estado de Minas e o terceiro do Brasil. A população dita "católica" não tem mais o fervor e amor às coisas de sua Igreja como nos séculos passados. Nossos antepassados não mediam esforços em prol da manutenção e melhoramentos da igreja. Infelizmente somente uma pequena parcela dos católicos paga o dízimo. Se todo católico contribuísse fielmente com o dízimo, tenho certeza que o dinheiro daria para a reforma sem a necessidade de ficar na expectativa de promessas políticas.

Fonte: Os Correios na História da Campanha, 1973.
           Inventário de Proteção do Acervo Cultural (IPAC) da Campanha - 2001.
           Fotos antigas: Acervo Fotográfico Paulino Araújo. (fotos encontradas na rede social Orkut)


2 comentários:

  1. Excelente matéria sr.Giovani.
    Foi muito bom viajar no tempo lendo este artigo,e saber como eram comprometidos os integrantes da comunidade na época.
    Pena que hoje isso não aconteçe com tanto fervor.

    Parabéns.

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  2. Gostei das fotos antigas da igreja, aliás nossa catedral é umas das mais belas !

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