segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Algumas reflexões feicebuquianas - Francisco Razzo

Francisco Razzo* 
"Muitos autores podem não ser filósofos no sentido pleno da atividade. No entanto, seus "insights" geraram problemas filósofos oportunos e sérios. Eu procuro relaxar o termo em relação ao que vem ou não vem a ser um “filósofo de verdade”. Por exemplo: Dostoiévski é filósofo? Evidente que não como Hegel ou Kant, Descartes ou Husserl, mas ele colocou problemas filosóficos tão profundos e inquietantes em seus romances que não poderíamos deixar de qualificá-lo como um dos maiores."

"A religião não é uma condição para você ser de direita, mas certamente é uma condição para ser de esquerda. Todo esquerdista é, por definição, um crente em sua religião política. Todo esquerdista reza o dogma da imaginação totalitária: creio no homem todo poderoso e criador de si mesmo. Em minha perfectibilidade e na pureza das minhas ideias. Creio que poderei mudar o mundo e que minhas ideias são a luz da luz. Creio na glória do progresso que a de vir e julgar os vivos e trazer mais mortos. Creio no meu reino que não terá fim. Professo que não há pecados e todas injustiças serão punidas no nosso tribunal. Creio no coletivo e no poder santificador do Estado. Creio na glória do futuro e na vida do mundo que há de vir."

"Não da pra confiar na educação de um país que ainda não disponibilizou as obras completas de Aristóteles traduzida."

"Eu não voto. Anulo. E isso é um problema meu. Deito com a cabeça tranquila em relação aos incompetentes que administram os municípios, os estados e o país. Lavo minhas mãos. Eu sei que você votou no Lula por um lapso de ter acreditado na democracia. Eu não. Deu no que deu: socialismo acenando. Em geral, acredita-se que política se faz nas urnas. Uma consciência, um voto. Isso não passa da proletarização da política. A democracia precisa de um arcabouço moral que a sustente. Não temos. Brasileiro é brasileiro."

"É bom ser rico. Ver os filhos sorrirem. Estar perto da esposa amada. Curtir a companhia do avô coruja. Se orgulhar da conquista dos amigos como se fossem as nossas próprias conquistas. Confiar nos amigos. Almoçar com a família. Chorar com a família. Brigar e fazer as pazes com os irmãos. Matar a saudade das pessoas queridas. Compartilhar a felicidade. Ser grato. Sou rico. E só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor é que são ridículas e pobres."

"Como se conhece uma faculdade de filosofia? Ora, pelo que está sendo produzido de pesquisa, pela análise das emendas dos cursos, pela leitura das dissertações e teses produzidas, os métodos de análise utilizados na interpretação dos textos e problemas filosóficos, pela bibliografia e grade curricular oferecida, pela análise do currículo dos professores, as suas linhas de pesquisas, pela produção acadêmica que pode ser checada no perfil dos congressos e no editorial das revistas acadêmicas. Os problemas do ensino de filosofia no Brasil são muito mais sérios do que as disputas ideológicas “esquerda vs. direita”.

* Prof. Francisco Razzo: Mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2013). Licenciado em Filosofia pela Faculdade de Filosofia São Bento – SP (2003-2007). Escreve nos blogs: Fides et Ratio e Ad Hominem

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